Bixiga 70 versão aDUBada
Resultado das experimentações desenvolvidas durante a mixagem do último álbum da banda, “The Copan Connection – Bixiga 70 Meets Victor Rice” (lançado pelo selo alemão Glitterbeat) traz versões desconstruídas das músicas de “III” (2015), segundo o estilo jamaicano do dub: ecos, reverberações e dinâmicas que atravessam o baixo e bateria bem marcados, numa viagem psicodélica cheia de texturas e ritmo. A associação entre o som instrumental dançante do conjunto e a técnica do mago Victor Rice resulta numa sonoridade única com poder para tanto balançar as pistas de dança como levar a mente para longe, contemplando diferentes mudanças a cada audição num caleidoscópio sonoro. A capa é assinada pelo artista MZK, responsável pela arte dos outros três discos da banda paulistana.
“The Copan Connection – Bixiga 70 Meets Victor Rice” será lançado oficialmente na loja Patuá Discos, no sábado 16 de abril, data que mundialmente é celebrada como o Record Store Day (“dia da loja de disco”). O álbum tem tiragem limitada a mil cópias e será vendido no Brasil exclusivamente na Patuá Discos e nos shows do Bixiga 70. O evento terá a presença dos integrantes da banda e discotecagem de um deles (o tecladista e guitarrista Maurício Fleury), além de outros DJs (Magrão, MZK, Peba Tropikal e RamiroZ). Leia nossa entrevista com o Fleury e compareça ao evento!
Por que “The Copan Connections”?
O nome foi inspirado em clássicos do dub, é uma brincadeira com títulos já conhecidos, mas fala do estúdio Copan, onde o Victor Rice trabalha e essa conexão que temos com o centro de São Paulo, onde tudo nosso foi produzido: gravado no estúdio Traquitana (na rua 13 de maio), mixado no Copan e a capa feita no ateliê do MZK, que também fica ali na República.
Depois de três discos autorais, como surgiu a ideia de um disco de dub?
O Victor Rice é viciado em dub e nós também, tanto que o nosso primeiro compacto já é uma música de um lado (“Tema di Malaika”) e do outro lado uma versão dub. Essa influência também vem muito da experiência do Cris Scabello e do Décio 7 que são do Rockers Control, uma das primeiras bandas de dub do Brasil. Sempre que o Victor mixa uma música e gosta e acha que tem a ver fazer um dub, ele já faz, independente do estilo, por isso temos versões dub não lançadas de quase tudo que já mixamos com ele. Quando mostramos os dubs para o pessoal da Glitterbeat (que lançou nosso último disco na Europa, Japão e Estados Unidos), eles piraram, pois também já tinham lançado um LP de dubs dos artistas africanos do selo. Daí veio deles essa idéia de um lançamento especial com tiragem limitada para o Record Store Day.
Parte do público talvez não perceba as afinidades da banda com a música jamaicana, mas elas são bem estreitas. Como essa influência se traduz no som do Bixiga 70 e nos trabalhos paralelos dos integrantes?
A influência da música jamaicana está impressa em todo o som do Bixiga 70, principalmente por causa da ambiência e timbragem do som do disco, a ideia de um som mântrico e psicodélico foi um norte desde o começo também e acho que o próprio interesse pelo som caribenho e africano por partes dos integrantes veio primeiro através do reggae e da música jamaicana. O Cris Scabello e eu tocamos com a Anelis Assumpção que tem muita influência desse tipo de som também. E além do Rockers, agora tem rolado o Jam Lab que é uma parceria do estúdio Traquitana com o pessoal da Tik Tak e uma vez por mês rola uma produção de um compacto ao estilo jamaicano (original/dub).
O Bixiga 70 sempre lança seus discos em vinil, incluindo singles em compacto e agora um disco de dub. Deixar toda obra registrada em vinil é algo que traz um significado especial?
Para a gente sim, acho que é uma realização muito grande para quem é da nossa geração e ouviu os primeiros sons em vinil, é uma forma de contar uma história e deixar essa mensagem no mundo, um objeto sonoro, é assim que muitas coisas ainda são descobertas. Alguns de nós já trabalhamos em lojas de disco e acho que isso pra gente é importante, a convivência em torno desses objetos sonoros, a discussão, a fruição, chegar em casa e colocar um disco na agulha e apenas ouvir e olhar para a capa, tudo isso é um tipo de ritual que a gente aprecia muito e tenta colocar nossa obra neste tipo de ambiente.
Paralelamente ao trabalho autoral, a banda (completa ou em subdivisões) tem participado de projetos com artistas veteranos e consagrados como João Donato, Elza Soares e Marlena Shaw. Como essas experiências reverberam na dinâmica do Bixiga 70?
Cada experiência dessa é bem única e diferente, até pelas formações, mas sem dúvida, para muitos de nós é um sonho tocar ou curtir os parceiros tocando com lendas como essas, o show de estreia da Elza Soares foi uma das coisas mais emocionantes que já assisti na minha vida. Tocar com a Marlena Shaw foi também uma grande surpresa e um desafio pra gente, pois nunca tínhamos tocado um show inteiro de soul music. Nossa vontade é sempre a de continuar aprendendo e produzindo com esses grandes artistas, isso acaba dando um gás para continuarmos acreditando nas nossas idéias e levando nosso som pra frente.
Record Store Day – The Copan Connection
Lançamento oficial: sábado, 16 de abril, das 15h às 21h
Patuá Discos – R. Fidalga, 516, Vila Madalena, São Paulo, (11) 2306-1647
DJs: Magrão, Maurício Fleury, MZK, Peba Tropikal e RamiroZ
De graça!
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